terça-feira, 10 de novembro de 2009

Preguiça, Pecado ou Direito?

Nem só de amor o Nitch vive. Mas analisando por um diferente ponto de vista, o amor inclui-se também nesse artigo, afinal, quando trata-se de vida e ser humano, trata-se de amor.
History Channel, posso passar o dia lá. Uma programação interessantíssima diurna e noturna. Venho acompanhando a série de documentários chamada "Sete Pecados Capitais", e neste final de semana, o pecado era "Preguiça", e confesso que deixou-me bastante pensativa.
Os Sete Pecados Capitais foram criados para serem regradores da nossa conduta humana, procurando evitar a auto e geral destruição da raça.
Chamou-me atenção um nome diferente para Preguiça, que os criadores dos Sete Pecados, a teóloga Beatrice G. e o monge grego Fernando T., citaram em sua criação: ACÍDIA.
Você já ouviu falar de Ácídia? Eu nunca tinha escutado este termo em (quase) vinte e dois anos de vida. Acídia seria muito mais do que esta preguiça que temos em mente que seja tal pecado, Acídia é uma Preguiça Espiritual, logo, a pior preguiça, a preguiça mortal.
Acídia é na verdade uma tristeza profunda. A tristeza que te impede de realizar os atos mais banais. Antigamente, esse chat de pecado capital, originalmente vindo do cristianismo, era tão levado a sério, que quem cometia-os era condenado à morte. Até um Rei lá da França, ter a sua mulher com tal doença da Acídia, e então, ele com seu poder, mandou repensar as mortes por Acídia. (Nada como ter um Q.I., ou ser mulher do Rei, hehe). Acídia seria nada menos do que Depressão, palavra desconhecida nas datas propostas, e nem só a palavra, mas seu conceito em si. Ninguém sabia que a Depressão/Acídia era algo não optável, por isso que era um Pecado, os leigos julgavam-no como algo que a pessoa escolhia para sua vida, logo, ela escolhera o Demônio para apossar-se de seu corpo e sua alma (e esse bla bla bla vocês conhecem). Para mim, como não acredito que a Preguiça, nem a Acídia, sejam Pecados Capitais -pois não há um poder pessoal de escolha-, penso que empregar tais termos como Pecados Capitais seguidos pelo Cristianismo, -religião então dominante-, nada mais era do que um belo e ilustre plano capitalista, sugerindo que quem não trabalhasse, conheceria as amiguinhas Guilhotina e Forca! E vejam, deu certo!
Na verdade, a simples Preguiça, a que encontra-se na versão socialmente aceita dos Sete Pecados Capitais, chega a ser um pecadilho simpático. Além de termos um grande nome como Hipócrates, um pensador grego que pregava a Preguiça como uma filosofia de vida, no Brasil atual, não é muito diferente, como mostra o samba-enredo da Viradouro: "Quero sombra e água fresca, Eu quero em minha rede balançar, Brasil, meu Brasil!". E voltando à Hipócrates, para quem não lembra dele, você deve refrescar a memória com essa historinha: ele foi o homem que ficou famoso pelas ruas, sempre deitado, escorado, e ensinando aos demais a ter Preguiça, ficou tão conhecido pela sua maneira de aproveitar a vida, que Alexandre O Grande, foi lhe procurar para lhe oferecer uma morada em seu castelo, e ele negou. E então Alexandre o perguntou: "mas então, o que você quer que eu faça por você?" E Hipócrates respondeu: "Você pode ir um pouquinho para o lado, pois está tapando o Sol". Boooooh! E viva a quarta série!
A Preguiça é um dilema de diversas maneiras. Aproveitamos mais a vida na correria da ação, ou na moleza da preguiça? Observar as coisas inanimadas ao nosso redor enquanto o mundo avança, não cansa uma hora? Cansa. Mas correr tanto ao ponto de não poder ver seu filho crescer, não cansa? Cansa.
Diferente de todos os outros Seis Pecados Capitais, a Preguiça é o único que concluo que, para sua saúde, pode ser exercido sim, com Equilíbrio. Os demais pecados são considerados proibidos mesmo, mas a Preguiça de vez em quando é saudável sim, para crescermos, precisamos ter momentos de lazer, momentos de relaxamento, mas repito, com equilíbrio.
Nestes últimos tempos, eu tenho tido tanta preguiça, até preguiça de escrever aqui. Mas "on the other hand", tenho pensado tanto, e vivenciado tantas outras coisas tão bonitas, minha perspectiva sobre a vida e seus valores têm sido aprimorada, e quem disse que a inércia não nos move pra frente?
Dado o meu atual momento, só tenho de agradecer aos poderes divinos por não viver nos séculos passados, do contrário... eu já teria perdido várias cabeças!
Boa semana à todos!
by Nitch

6 comentários:

  1. Mto bom o texto, realmente o documentario do History Channel foi inspirador!!! Bjos

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  2. Virei fã desse blog!!!! Texto com pé e cabeça, referências históricas e de mídia muito bem feitas, e o coração da articulista visivelmente expresso no artigo! Parabéns, passarei a acompanhar teu trabalho!

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  3. Oi Niki, tudo bem querida?
    Entao demorei um pouquinho em postar aqui mas enfim...
    aliás pude hoje te deixar email e te add no MSN correto querida.
    Realmente estar AMANDO, e SENTIR-SE amada(o) é um sentimento engrandecedor e que enobrece a alma e nos faz amadurecer enqnto seres humanos que somos.
    Para tudo há seu momento certo.´. sob o céu e sobre a terra, certo que o G.´.A.´.D.´.U.´. guia nossa vida da melhor maneira possível em seu devido tempo...
    Nossa geração vive na era da velocidade, mas nos perdemos no meio dela (especialmente quem nao reflete e ao refletir se propoem a ser a mudança que quer ver no mundo, repetindo Gandhi!)
    Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros?
    Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
    O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
    A Internet e os diversos movimentos sociais aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós.

    Léo

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  4. A preguiça ou ócio também muito comentado até na Biblia ne?
    Provérbios 6:6-11
    6 Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e sê sábio.
    7 Pois ela, não tendo chefe, nem guarda, nem dominador,
    8 Prepara no verão o seu pão; na sega ajunta o seu mantimento.
    9 Ó preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono?
    10 Um pouco a dormir, um pouco a tosquenejar; um pouco a repousar de braços cruzados;
    11 Assim sobrevirá a tua pobreza como o meliante, e a tua necessidade como um homem armado.
    Para tudo há um tempo estabelecido,temos nossos limites e precisando dessa preguicinha as vezes... mas tudo com EQUILIBRIO!

    Amei o texto!
    Beijão

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  5. Olá Nicole, sou de Rondônia e estou adorando vir aqui todos os dias ler os seus textos, eles me dão auto-estima. Você é realmente divina! Parabéns.

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  6. Gostei do post!
    Que bom que ressaltou o "equilíbrio". Creio que tudo tem de ter um certo equilíbrio..
    Preguiça generalizada faz mal, mas a preguiça física com a mente em funcionamento, eu acho fundamental. Acredito que faz bem quando a pessoa reserva um pouco do tempo para "relaxar", para desenvolver o raciocínio/ideias/pensamentos/planos/conduta/filosofar tudo (dentro da realidade) o que tem em mente, porque a maioria das pessoas que são atarefadas, a mente segue a linha: não param de receber ordens; se cobram o tempo todo.. e ficam naquele marasmo que se torna facilmente estressante, e assim desencadeando problemas e até adoecendo.
    E bem como, a Nitch repetiu: "..com equilíbrio.". Porque o pensamento sem atitude, é o mesmo que uma Ferrari cheia de combustível, mas sem rodas!

    Tico

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