quinta-feira, 8 de julho de 2010

Bel Far Niente

As pessoas vivem na eterna e cansativa busca por "algo". A moça solitária está sempre em busca do amor. O tiozinho desempregado está sempre atrás de um trabalho. O filho desamparado pelos pais está sempre em busca de algum apoio. A pessoa sem tempo ou dinheiro está sempre em busca do sonho de poder estudar. O depressivo está sempre em busca da receita médica. Aff. Será que essa busca não acaba nunca?
Tenho aprendido que existe algo mais eficiente do que buscar, buscar e buscar. É tentar equilibrar estas coisas. Fazer do seu limão, uma limonada.
Se você estivesse perdido num deserto, tendo um celular, você se desperaria? SIM. Essa situação é uma MERDA. Mas mesmo assim, no final das contas, você tem duas pernas, um galãozinho de água, força, e voz! Afinal, você tem um celular.
Acho melhor a gente começar a ver o lado bom das coisas.
Sabe quem eu acho que tem uma parcial culpa pela geração Prozac? A Publicidade. Sim, as propagandas.
Na nossa santa ignorância, sentimos que merecemos mais uma cerveja, depois do trabalho, do que sermos felizes. O outdoor te diz: você merece ter um líquido com 3% vol. álcool, mas quando se trata de pensarmos na nossa vida, somos muito exigentes conosco. Falhei nisso, falhei naquilo, não fui bom pra esse, magoei aquele, deveria ter feito isso, poderia ter ajudado naquilo, SOU UMA PESSOA MÁ, não mereço ser tão feliz. Mereço estar onde estou.
Os outdoors nos ajudam a perceber que merecemos uma cerveja no final da tarde, mas não nos lembram do quão somos merecedores da felicidade plena.
Ninguém mais tem tempo para fazer o que gosta, e quem não faz o que gosta? Está perdido. Os italianos usam uma frase: Bel far niente... a beleza de saber não fazer nada.
E acho que essa é a grande questão ocidental. Nós estamos sempre tão cheios de coisas pra fazer, que quando paramos, e começamos a nos analisar, percebemos que nada de tão construtivo nos foi dado, percebemos que não evoluimos (por alguma razão desconhecida, por mais cético que você possa vir a ser, essa sensção pega a todos num momento), e então o que acontece? Depressão, solidão, introspecção, "eu não mereço a felicidade". Nós precisamos - logo! - aprender a arte de não fazer nada, e BEM!
Ler um livro bobo, estudar uma língua que você não sabe bem porquê tem o interesse (mas tem!), dar um beijo nos seus pais quando eles chegam em casa, dar um "oi" coletivo na sala de aula quando chega à faculdade, escutar aquela música brega que ninguém sabe que você gosta, pintar a unha de azul escuro, jogar dominó com alguém à meia noite, escrever num livrinho ao lado da sua cama as frases que você mais gosta dos seus preferidos pensadores. Viver, viver bem. Faça alguma coisa, mas nem sempre, fazer nada (e fazer bem!) também precisa ser feito.
xoxo
by Nitch

3 comentários:

  1. Vc é simplesmente perfeita... nao so apenas fisicamente ..mas em tudo que escreve!!!Quero parabeniza-la ,pelas coisas maravilhosas que escreve ... Vc é uma grande escritora! Me impressiono com vc Nicole !Sua inteligencia...fantastica...
    Um Beijo...

    Lucas Pablo

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  2. Nos sentimos muito acomodados hoje em dia. E em certos momentos, chegamos a nos perguntar: por que não consigo um emprego melhor, ou conquistar alguém que foi visto instantes atrás? Por que nos desesperamos por coisas bobas, fúteis? Será que não podemos ter um tempo pra simplesmente.....não fazer nada? Poder fazer algo diferente, incomum. Mas, nada como se desligar do mundo e simplesmente fazer algo novo, mas também não fazer nada, e bem feito. Beijos

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  3. Olá,Nicole como posso entrar em contato (email)?
    Estava observando e quem sabe você não gostaria de divulgar seu trabalho na rádio em que trabalho?
    Sugestão: poderia fazer um video mais cara a cara com o publico explicando seu trabalho,aí mesmo no blog,está de parabéns!

    Fernanda Muller

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